06/06/2017

Harry Styles se reinventa como estrela do rock

O membro do One Direction estreia solo com um disco ancorado na herança do rock clássico dos anos 1970. David Bowie, Elton John, Beatles, Rolling Stones são algumas das referências.

Desde que há quase dois anos se confirmou que o One Direction iria mesmo fazer um hiato no seu percurso (depois da saída de Zayn Malik) que grande parte das atenções recaíram sobre Harry Styles. É inegável afirmar que sempre foi o membro mais carismático entre os cinco que durante cinco anos foram a maior boyband do mundo.

Com o hiato anunciado, a história repetiu-se. Cada um dos membros começou a trilhar os seus percursos a solo. E depois de um álbum de Zayn e dos singles editados por Niall Horan e Louis Tomlinson, a expectativa quanto ao que Harry faria na sua vida pós-One Direction só se adensou.

O primeiro álbum, homônimo, acaba de ser editado e espelha uma autêntica reinvenção por parte do jovem de 23 anos. Se há um ano Zayn também se reinventou no álbum Mind of Mine, mas na pele de estrela de r&b focado no hedonismo do corpo, estando assim mais em consonância com o que domina o gosto mainstream, Harry opta por uma direção bem diferente, trazendo para cima da mesa uma série de referências que estão bem ancoradas na herança do rock clássico e que dão cor às suas canções de tom confessional. David Bowie, Elton John, Beatles, Rolling Stones são alguns dos nomes que se podem enumerar.

A referência à escola soft rock já tinha começado a ser traçada no One Direction, particularmente nos dois últimos álbuns de estúdio da boyband, Four (2014) e Made in the AM (2015), que privilegiavam enquanto influências artistas que provavelmente ouviram através dos pais.

Mas mesmo seguindo alguns dos passos já trilhados no One Direction, é notório que neste seu primeiro álbum Harry Styles tenta demarcar-se do que foi o seu passado a conquistar crianças e adolescentes com canções açucaradas pensadas para os grandes estádios. Atravessa uma certa leveza ao longo destes 40 minutos de música que, por vezes, o aproximam mais de um cantautor folk (oiça-se a quase country Meet Me in the Halfway, Ever Since New York ou esse lamento sobre solidão que é From the Dining Table) do que da superestrela glamorosa que arrasta multidões por onde passa.

Todo o trajeto que antecedeu este álbum respeita a estratégia de afirmação de maturidade que habitualmente membros de uma boyband seguem quando querem mostrar o que valem por si só. O single que escolheu para se apresentar a solo, Sign of the Times (referência ao icônico álbum duplo de Prince), é uma canção que quase chega aos seis minutos de duração, o que põe logo as rádios de pé atrás.

Escolheu também uma balada épica que podia ser uma homenagem a David Bowie fase glam rock, com toques de Queen, mostrando como a solo o seu objetivo já não passa por fazer a canção mais catchy do mundo.

A primeira grande entrevista que deu após a pausa a que o One Direction se auto-impuseram foi feita pelo cineasta Cameron Crowe para a revista Rolling Stone, que acompanhou Harry Styles durante o último ano. Numa primeira instância poderia soar inusitado que um realizador como Crowe quisesse entrevistar um ex-membro de uma boyband como o One Direction, mas dado o gosto musical pelo rock clássico evidenciado por Harry Styles, essa associação deixa de ser tão descabida. Apesar da reinvenção levada a cabo, com Harry Styles a aparecer em programas de televisão de guitarra em riste a liderar a sua banda, qual estrela de rock, isso não o leva a desconsiderar a base de fãs que até agora o acompanhou com reverência.

O próprio afirmou nessa entrevista a Cameron Crowe: 
“Quem é que tem o direito de dizer que jovens que gostam de música pop - diminutivo para popular, certo? - têm um gosto musical pior do que um hipster de 30 anos? Isso não te compete. A música é algo que está sempre em mudança. As jovens gostam dos Beatles. Vai me dizer que elas não falam a sério? Como é que podes dizer que elas não percebem? Elas são o nosso futuro. As nossas futuras médicas, advogadas, mães, presidentes, elas é que põe o mundo a girar. As fãs adolescentes não mentem. Se gostam de ti, elas estão lá para ti, não agem para parecerem fixes. Gostam de ti, o que é incrível.”
Curiosamente, na mesma altura em que Harry Styles revela o seu primeiro álbum solo, vários dos antigos colegas de banda começam, quase simultaneamente, a mostrar o que andam fazendo em nome próprio. Ainda este mês, Niall Horan, o irlandês do quinteto britânico, lançou o single Slow Hands, um tema funk-pop que não destoaria no catálogo de um Nick Jonas e que revela uma outra faceta do cantor, depois da singela balada acústica This Town, editada no final do ano passado. Já Liam Payne anunciou na véspera em que Harry lançou o seu álbum que em 19 de maio sairá o seu primeiro single, Strip That Down, com a participação do rapper Quavo. Pelos segundos que já se conhecem, espere-se uma aproximação ao universo pop de Justin Timberlake. Já Zayn lançou recentemente um single com PARTYNEXTDOOR (rapper associado a Drake).

Se todos vão seguir o caminho, ainda é uma incógnita. Mas Harry Styles acaba de demonstrar uma identidade musical bem segura que tem tudo para evoluir da melhor forma.

Fonte: Diario de Noticias Portugal
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